Como eu faço para saber se meu cavalo está contaminado com o vírus da Anemia Infecciosa Eqüina (AIE)?

Por ser uma doença contagiosa e por existir animais infectados sem sintomas aparentes, é necessário realizar ensaios de diagnóstico para a detecção dos animais infectados com o vírus da Anemia Infecciosa Eqüina.

O ensaio oficial reconhecido pela OIE (Office International des Epizooties) para trânsito e transporte de animais é a imunodifusão em gel de ágar (AGID). Este é o ensaio aceito oficialmente no Brasil e atende o Programa Oficial Nacional de Sanidade Eqüina do Ministério da Agricultura.

O ensaio AGID possui alta especificidade, facilidade de execução, e alta sensibilidade. No teste, há a difusão radial das moléculas do antígeno e do anticorpo no ágar, que ao se encontrarem há a ligação do antígeno ao seu anticorpo específico, precipitando e formando uma linha visível.

O produto Bruch utiliza a proteína p26 como antígeno nos ensaios, por ser uma proteína estrutural interna do vírus que é estável e não apresenta mutações entre as diferentes amostras. O soro padrão positivo se coleta de soros conhecidos de cavalos infectados pelo vírus da Anemia Infecciosa Eqüina. O soro deve apresentar a reação de identidade na imunodifusão com um soro padrão conhecido.

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Qual a temperatura de conservação do produto?

No uso diário recomenda-se conservar o material na geladeira, à temperatura de 2ºC a 7ºC conforme indicado na bula do produto.
Dependendo da rotina de exames, sugerimos aliqüotar o Antígeno e o Soro. Aquelas alíquotas que serão utilizadas após 6-8 meses, por exemplo, podem ser mantidas congeladas entre -15ºC e -20ºC.

Há laboratórios que não possuem freezer de -20ºC e têm conservado o produto entre 4ºC e 7ºC sem alteração do mesmo.

Caso tenha esquecido o produto à temperatura ambiente de 2 a 3 dias, ele continuará em condições de uso.

Existem cavalos com Anemia Infecciosa Equina (AIE) que deixam de ser positivos?

Nas situações mais freqüêntes, se o exame for feito em um potro jovem em amamentação ou recém desmamado, é possível que o exame tenha uma leitura “positiva” devido aos anticorpos maternos presentes no soro do potro, e não pela infecção com o vírus da Anemia Infecciosa Eqüina e produção de anticorpos próprios. Assim, é necessário realizar um novo teste 30 dias após o desmame para verificar o nível de anticorpos do potro contra a p26 da AIE.
– Também há situações nas quais se observam leituras inespecíficas devido à reações cruzadas do antígeno p26 da AIE utilizada nos testes com antígenos semelhantes de outros patógenos. No entanto, conforme indicado na figura abaixo, um veterinário experiente consegue facilmente diferenciar essa reação de um “positivo”.

– Mais raramente, há relatos de cavalos positivos para Anemia Infecciosa Eqüina que aparentemente negativizam a reação de imunodifusão em gel de ágar, e outras técnicas de diagnóstico conforme indicam os técnicos e cuidadores.
No histórico desses animais verificam-se sempre antecedentes de tratamentos diários e prolongados, de compostos de formulação parenteral ou com suplementos orais de antiinflamatórios não-esteroidais (não corticóides).
Embora a reação de imunodifusão possa aparentar negativa, ela apresenta inflexão nas linhas sendo então uma reação positiva, conforme exemplificado na figura abaixo.

Conhecendo os antecedentes de Anemia Infecciosa Eqüina nesse animal, deve-se incluir na roseta teste um soro controle negativo, que ajudará na melhor visualização da inflexão do soro do eqüino “aparentemente negativo”.

Ainda é possível comparar, usando uma lupa, as linhas do soro suspeito frente às linhas que se abrem na leitura do soro negativo para visualizar a inflexão.

Esses animais fracamente positivos são portadores, e podem transmitir a doença, havendo seqüência viral integrada ao DNA celular. Em regiões endêmicas, eles mantêm essa leitura sem sintomatologia clínica da doença

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Testes superiores

Esquerda: “Fraco positivo” (a linha se aproxima ao poço com o soro testado), “muito fraco positivo” (inflexão muito próxima ao poço com o soro testado) e “positivo” (formação de uma linha contínua, eqüidistante aos poços).
Direita: Todos os soros testados são positivos (formação de uma linha contínua, eqüidistante aos poços).
Em todos os soros testados houve a reação de identidade com a precipitação e união das linhas entre os soros controles e os soros testados.

Testes inferiores

Esquerda: Reações negativas (as linhas dos controles prolongam-se até o poço do soro testado, sem encurvar-se e afastando-se).
Direita: Exemplos de reações inespecíficas, nas quais os animais são negativos, mas há uma reação inespecífica com o antígeno (não há a formação de linhas contínuas entre o soro testado e os controles, havendo o cruzamento das linhas e a formação de esporão, ângulos mais agudos, pontas). Isso ocorre pela formação de outras reações Ag-Ac com antígenos molecularmente próximos ao p26 da AIE.

Acidentes fatais em corridas de quarto-de-milha

Acidentes fatais nas corridas têm atraído significativa atenção da mídia norte americana ao longo dos anos. Os esforços para reduzir o número de mortes nas corridas têm sido maiores por causa desta atenção prestada pela imprensa. As causas dessas lesões tem sido extensivamente estudada nos PSI ao longo dos anos para determinar o causa dos acidentes de corrida e assim reduzir a sua incidência. As lesões fatais em Quarto de Milha não tem sido estudadas na mesma medida como na indústria PSI, mas já se tem um padrão definido, como abaixo:

Referente ás corridas

39% aos 3 anos de idade

32% aos 2 anos de idade.

55% em corridas de 275 mts
66% após a linha de chegada

60% em corridas de claiming (36%) ou maiden claiming (24%)

17% ocorreram na nona corrida do dia

23% largaram da baliza 4
25% terminaram entre 1°a 3°

34% não terminaram a corrida

78% dos cavalos feridos não caiu, apesar de o jóquei saltar em 14% das vezes

28% não houve incidente identificável que possa ter levado à lesão

21% colisões

21% tropeços

Referente ás lesões

72% lesões músculo esqueléticas,

39% na articulação do boleto

33% fratura de sesamóide

6% ruptura do aparelho suspensor do boleto

24% na articulação do carpo (joelho)

9% fratura de vértebra

8% fraturas de escapula

2% fratura de úmero

2% fratura de tíbia

A pior das lesões observadas foram as que envolveram a face dorsal do metacarpo.

Existem inúmeros relatos provenientes dos USA, Inglaterra e Austrália  sobre lesões fatais sofridas por cavalos de corrida PSI. Alguns resultados diferentes relatados nestes trabalhos foram explicados por variações nas características do local e estilo de corrida.
Existem muitas diferenças entre PSI e QM. A velocidade de corridas clássicas do Quarto de Milha acompanha a forma como o nome da raça evoluiu. Corridas de cavalos Quarto de Milha tem sido cronometradas em quase 80 Km/h ao atravessarem a linha de chegada. A distância das corridas é menor em corridas de Quarto de Milha, e na maioria das corridas são executadas em 402 mts ou menos. Além disso, nas corridas acima de 300 metros foi demonstrado um aumento de velocidade em cada segmento da corrida, enquanto  que no PSI tendem a ganhar velocidade no meio da corrida se cansando perto do final. Na corrida de Quarto de Milha não há curvas, embora a desaceleração ser realizada em uma. Devido à natureza velocista da raça Quarto de Milha, os cavalos tendem a correr lado a lado em linha reta,  nunca deixando a sua posição ao longo do percurso. Isto contrasta com o PSI que normalmente correm agrupados para se pouparem.

Existem poucos relatos sobre corridas de Quarto de Milha na literatura americana. Em trabalho realizado por Cohen et al a partir de 1999, as lesões músculo-esqueléticas e fatores de risco associados a essas lesões foram estudado em cavalos Quarto de Milha de corrida no Texas e Novo México. Eles descobriram que a incidência de fatalidades foi menor no Quarto de Milha comparada á mesma população de PSI.Eles também descobriram que um inspeção pré-corrida pode ajudar a diminuir as lesões durante a corrida e que os cavalos de 2 anos de idade não tinham mais tanto risco de sofrer um ferimento como os cavalos mais velhos.

Em outro relatório envolvendo cavalos Quarto de Milha de corrida, Balch et al, descobriram que o numero de galopes executados é fator de risco para lesões, enquanto que o comprimento do membro locomotor não foi determinante.
A pior das lesões é a que envolve a parte de trás do metacarpo (joelho), devido a ocorrerem repentinamente e, geralmenteresultarem em uma queda horrível, deixando o joquei totalmente despreparado. Felizmente apenas 22% dos cavalos sofre uma queda. Os acidentes envolvendo a articulação do boleto são mais graves se o incidente ocorreu durante a corrida, impedindo o cavalo de se levantar.

Nestas lesões, ocorre um passo em falso visível, mas o cavalo não parece muito incomodado e não cai. Se a lesão ocorre durante a corrida, quando o cavalo está em alta velocidade, é quase impossívelpara o joquei  manter o cavalo correndo e, portanto, uma lesão mais grave, muitas vezes resulta em instabilidade visível da articulação do boleto. Neste ponto, é difícil para o jóquei permanecer sobre o cavalo, prefere cair ou pular mesmo se o cavalo não cair. A maioria das lesões catastróficas envolvendo o carpo não resulta em uma queda. O jóquei parece detectar o ferimento rapidamente e é capaz de parar o cavalo. A observação destes padrões de lesão pode levar a uma prevenção mais eficaz.
Outra conclusão foi que 60% dos cavalos fatalmente feridos foram inscritos em uma corrida de claiming ou maiden claiming.

Em recente publicação a AAEP sugere mudanças para os páreos de claiming de PSI “A fim de proteger o bem-estar e segurança decavalos neste nível”. Especificamente,” cavalos que não terminaram a corrida ou aqueles que tiveram uma lesão fatal durante a corrida permanecem de propriedade do proprietário original”. Alterar tal regra seria estimular a prática de correr cavalos lesionados em provas de claiming. Os resultados deste estudo apoiam uma mudança semelhante em corridas de Quarto de Milha.

 

Provavelmente a maior diferença entre PSI e Quarto de Milha de corrida é que 66% das lesões ocorreram após a linha de chegada nas corridas de Quarto de Milha e que 78% dos QM fatalmente feridos não cai. Embora não hajam dados oficiais, relatos de veterinários de PSI sugerem que nesta raça tende a ocorrer mais lesões durante a corrida e os cavalos caiem mais como resultado desta lesão, devido ao cansaço pelas longas distâncias das provas.

Os aspectos de segurança da corrida, tanto para o cavalo e joquei, deve ser de grande importância para o veterinário. Apesar de existirem inúmeros estudos enfocando turfe, poucos têm abordado a indústria de corridas de cavalos.

Estes resultados destacam algumas das diferenças entre Quarto de Milha e Puro Sangue Inglês que podem auxiliar os funcionários nas pistas de corrida de ambas as raças.

A importância da criação do cavalo de corrida

O constante progresso da tecnologia, principalmente na área veterinária, tem facilitado muito a produção do cavalo de corrida. Na mesma medida, a genética do cavalo atleta também evoluiu, sempre buscando melhores resultados, sejam eles competitivos ou comerciais. Aliás, o fator genético recebe quase toda a atenção por parte de quem compra. Já na mesma proporção existe uma despreocupação quanto a outros fatores, como nutrição, manejo e sanidade com que os animais ofertados foram criados.
A formação do cavalo de corrida tem início no haras, mais precisamente na cobertura e tem continuidade nos centros de treinamento e campos de prova. Este trabalho é puramente artesanal, ou seja, o homem tem influência direta no resultado final. Cabe a cada criador utilizar os recursos existentes de acordo com seus objetivos e operação.
Para o sucesso da criação, desde a cobertura até o disco final, três fatores são de extrema importância: GENÉTICA, NUTRIÇÃO E MANEJO.

GENÉTICA E REPRODUÇÃO
Não existe uma regra básica para a formação de um plantel. Os criadores são norteados de acordo com suas preferências e metas a serem atingidas. Fatores inerentes ás linhagens como resultado competitivo, aptidão e conformação poderão influenciar na decisão. Na programação da carta de monta, o uso de um determinado garanhão sempre visa a melhoria física e competitiva da égua a ser coberta e vice versa.
No entanto, o poder genético para corrida poderá ser maximizado através do processo de criação. Isto implica em determinar as características das linhagens como conversão alimentar, resposta imunológica, transmissão de suas características de conformação, temperamento e potencial atlético para a sua progênie e estabelecer parâmetros criacionais para linhas precoces e tardias. A adaptação ao meio ambiente por parte de animais importados também deverá ser levada em consideração, pois é também fator hereditário.
A memória genética, principalmente nos primeiros meses de vida do cavalo, é ativada pelas atitudes sociais da mãe, levando assim á criação de um produto com algumas características comportamentais maternas. Daí a importância da escolha de uma boa matriz com bom pedigree, e, no caso da transferência de embriões, escolha de uma boa receptora, visando não só a estrutura física e aleitamento, como também temperamento adequado e dentro dos padrões da raça.
Devemos ressaltar que o resultado genético de um cruzamento é de responsabilidade exclusiva de seu idealizador, ou seja, além das virtudes esperadas no potro, os defeitos podem vir a prevalecer.
Para garantir a propagação de linhagens importantes, existem hoje várias biotecnologias que nos permitem melhor aproveitamento reprodutivo e conseqüente genético. Dentre essas práticas encontram-se a inseminação artificial (IA), transferência de embriões (TE) e congelamento de sêmen e embriões. Essas técnicas auxiliam na preservação do potencial genético, já que além dos genes serem mantidos congelados por décadas, podem também ser solucionados alguns problemas de infertilidade, tanto dos garanhões como das éguas, e manter a continuidade de uma campanha atlética, sem interrupção para a reprodução.
Após a elaboração dos cruzamentos para a temporada de monta, é necessário programar a utilização do garanhão quanto ao número de éguas a serem cobertas e tipo de cobertura a ser realizada, ou seja, monta natural ou inseminação artificial, e nesta, sêmen fresco, resfriado (entre 5 e 15 graus) ou congelado (-196 graus). A prática da IA, que consiste em depositar o semen no útero da égua ou mais recentemente na junção útero-tubárica, aumenta o aproveitamento reprodutivo do cavalo e o número de éguas a serem cobertas, mas implica, no caso de sêmen resfriado ou congelado, num intenso controle reprodutivo das reprodutoras, afim de se obterem melhores índices de prenhes, já que existe uma queda na qualidade espermática.. A IA apresenta várias vantagens como facilitar a logística de uma cobertura, já que o sêmen pode ser transportado facilmente até o local onde se encontra a égua, evita transmissão de doenças não só sexualmente transmissíveis mas que afetam a sanidade de um haras, e permite a aquisição de sêmen a menores custos de garanhões comprovados ou importados. Quanto ás desvantagens poderemos citar o tempo de preservação, sendo no sêmen fresco 2 a 4 horas e resfriado 24 horas, onde após estes períodos as taxas de fertilidade diminuem.
Mais especificamente na raça quarto-de-milha, estudos indicam que os garanhões apresentam boa fertilidade, e o sêmen congelado tem padrões apropriados pós congelamento.
Outro método que auxilia nos índices reprodutivos e na preservação genética é a prática da transferência de embriões. Esta técnica consiste basicamente em cobrir uma égua doadora, retirar seu embrião depois de 6 a 8 dias de ovulada, e colocá-lo no útero de uma receptora ou “barriga de aluguel”. Atualmente as taxas para apenas uma ovulação por doadora são de cerca 60 a 70% de embriões coletados por lavado, e após a transferência, entre 60 e 70% das receptoras chegam a termo. Isto nos dá uma taxa real de aproveitamento, considerando o nascimento do produto, de 36 a 49%. As pesquisas hoje são voltadas para a melhoria destes índices, e estes, conseqüentemente, estão aumentando. A indução da superovulação já é uma prática bastante comum, que leva a uma maior taxa de recuperação de embriões nos lavados e o uso de hormônios como progesterona auxiliam na manutenção da gestação da receptora.
O grande problema de hoje em dia é a idade avançada de algumas doadoras e o excessivo número de lavados realizados durante sua vida reprodutiva. Na tentativa de maximizar o aproveitamento genético de uma égua, temos gradativamente afetado negativamente seu potencial reprodutivo. Isto é, está ocorrendo uma queda na qualidade dos lavados e dos embriões, e também nos índices de prenhes, devido ao manejo incorreto das éguas. Além disso, o material utilizado e as técnicas empregadas devem ser de alta qualidade, visando sempre a preservação sanitária e reprodutiva da égua doadora.
Os embriões podem também ser preservados através do processo de congelamento. Isto permite, por exemplo, o renascimento, futuramente, de uma linhagem já extinta. O processo de recuperação de embriões é o mesmo, mas ao invés de se transferir o embrião para a doadora, este passa por um processo de “desidratação” e congelamento em uma máquina própria para a função. Quando houver o desejo de ser aproveitado, o embrião é descongelado, “re-hidratado” e implantado na “barriga de aluguel”. As taxas são praticamente as mesmas mas os embriões terão de ter sido coletados após 6 dias de ovulação.
A TE é um tema bastante polêmico na criação e treinamento, e como todas as práticas, existem vantagens e desvantagens. Uma das grandes vantagens é de permitir uma égua continuar sua campanha atlética e potencializar sua capacidade genética, além do aproveitamento comercial. Outra vantagem é a de permitir a concepção de um potro a partir de éguas sabidamente sub-fertéis ou idosas. No entanto, deve-se permitir à égua ser mãe em intervalos intercalados, ou seja, um ano de coletas e outro de maternidade. Mais estudos deveriam ser realizados visando o real aproveitamento genético em competição.

NUTRIÇÃO
A alimentação do cavalo atleta tem influenciado e muito os resultados competitivos, na medida em que visa atender as necessidades nutricionais básicas do cavalo em qualquer fase de sua vida. Este é um item da maior importância, pois qualquer erro poderá colocar em risco toda uma geração.
Um desequilíbrio nutricional poderá levar a várias alterações e patologias. No caso do cavalo de corrida podemos realçar as deformidades ortopédicas resultantes deste desequilíbrio, presentes principalmente na fase de crescimento, e que podem comprometer toda uma carreira atlética.
Apesar das rações comerciais terem facilitado o aspecto alimentar, é necessário estabelecer que não existe a “melhor ração” e sim a mais apropriada ao tipo de criação encontrada na propriedade. Isto é devido a cada estabelecimento ter suas características próprias como qualidade de solo, tipo de pastagem, topografia e manejo. Os animais podem até ter acesso a todos os nutrientes mas em quantidades diferentes das necessárias, sendo estas diferenças corrigidas através do uso de uma formulação adequada. Digo formulação pois nem todos os profissionais são adeptos das rações comerciais e estas nem sempre suprem as carências. O importante é atingir o equilíbrio nutricional através de alimentos de qualidade comprovada. Entre estes estão a aveia e alfafa, elementos tradicionais na criação do cavalo de corrida. A continuidade e rotina do fornecimento também são importantes pois evitam o chamado “estresse alimentar”, bem como alterações bruscas de flora e peristaltismo intestinal que levam a cólicas.
O respeito ás necessidades nutricionais diárias em cada etapa do desenvolvimento é um dos segredos para o sucesso de uma boa criação. Existem 3 etapas básicas:
a) primária, que vai desde antes da concepção até 1 ano de idade. Neste período, o potro se desenvolve até cerca de 90% de sua altura e 66% de seu peso como adulto. É um período crítico pois o que for perdido dificilmente será recuperado.
b) secundária, vai de 1 a 3 anos de idade. Aqui acontece a formação final das cartilagens articulares e o fechamento das placas de crescimento ósseo mais requisitadas. As restantes tem um processo mais lento e tempo de fechamento mais longo.
c) terciária, onde ocorre o robustecimento do indivíduo até os 5 anos de idade. O nível de atividade física influencia quantitativamente na alimentação nesta etapa.
A genética óssea e muscular, durante a criação do cavalo, poderá ser levada ao seu limite, bem como ser melhorada, pois um cavalo de estrutura fina poderá ter sua densidade óssea aumentada, e consequentemente sua resistência durante as competições. Também a formação de uma musculatura natural, baseada na alimentação, auxiliará o animal na fase de treinamento e competição, já que haverá irrigação sanguínea proporcional.
É de salientar que alguns órgãos internos também são considerados músculos e tem desempenho importante na vida atlética do cavalo de corrida, e sua formação também depende do tipo de alimentação fornecida.
A avaliação do crescimento é feita através da aferição mensal de altura e peso, bem como avaliação clínica constante por profissional gabaritado.

MANEJO
O objetivo do manejo de uma propriedade consiste em fornecer aos animais um ambiente apropriado e único. Dentro deste item podemos considerar vários tipos de manejo, como alimentar, reprodutivo e sanitário.
Tomando como ponto de partida que o cavalo é um animal extremamente social, o manejo de um haras terá de respeitar algumas regras sociais básicas como facilitar o contato entre os animais, propiciar área suficiente para pastoreio, para que assim os animais atinjam a média diária de locomoção e permitir sim a instituição de uma hierarquia dentro de cada lote.
Os animais também deverão ser condicionados ás práticas da propriedade como manejo reprodutivo, arraçoamento, pesagem, tempo de permanência nas baias e de contato com os tratadores. Não se deve esquecer que o cavalo atleta passará boa parte de sua vida em competição e dentro de uma baia.
Dentro do manejo sanitário, as práticas mais comuns são vacinação, vermifugação e casqueamento. A realização e frequência de cada prática será de acordo com as características da propriedade e sua localização geográfica. Atualmente, a profilaxia é a prática de maior atenção nos eqüinos. Um programa de vacinação correto de um plantel, evitará surtos infecciosos e abortos, a vermifugação deverá ser levada em consideração, já que alguns parasitas passam da mãe para o produto e o casqueamento levará á formação de bons aprumos e estruturas relacionadas, evitando alguns defeitos de conformação graves que afetam a vida atlética. O importante é estabelecer um ambiente saudável na propriedade, priorizando a convivência com a flora existente e não a sua modificação ou total degradação, estas causadas pelo uso abusivo de desinfetantes.
Existem pontos cruciais durante o processo de criação, como o desmame e a doma, processos que levam a um enorme seqüestro de nutrientes de vários órgãos. A perícia com que estes eventos são manipulados é que vai determinar o nível de estresse a que os animais serão submetidos. O início das atividades atléticas deverá ser baseado em critérios clínicos sólidos e coerentes com o desenvolvimento físico do cavalo.
Resumindo, não se deve esquecer que o cavalo é um animal que adora a rotina. Sendo assim, deverão se evitar ou minimizar as causas de estresse que tenha influência negativa na criação do cavalo atleta ou que atrasem sua evolução.

Todos os itens descritos são influenciados diretamente pelo fator humano. Não podemos nos esquecer de quem convive com os animais é que sabe realmente onde estão os pontos positivos e negativos de uma criação, e por vezes, são a própria origem do que ocorre na propriedade.
O ciclo de criação poderá variar entre os criadores mas dificilmente passará de 4 anos. Neste período poderão ser aperfeiçoadas práticas, observar defeitos e estipular critérios visando sempre a melhoria do ambiente e conseqüentemente a boa formação do cavalo de corrida. O importante para o criador é estabelecer um ponto chave entre o seu staff, práticas exercidas e seu plantel.
A realização de um bom trabalho de criação será observado durante a vida atlética do animal, onde além de uma campanha vitoriosa, alguns processos traumáticos serão evitados ou reduzidos, isto de acordo com a intensidade do exercício imposto, gerando assim maior economia e aproveitamento competitivo do atleta.

Adagri fecha cerco contra Anemia Infecciosa Equina

Quixadá. Técnicos da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri) estão fechando o cerco no controle de sanidade animal em Quixadá. A cidade é conhecida pela tradicional comercialização de animais na região Centro do Estado. Mais de 40 cavalos e éguas já foram sacrificados desde o início do ano neste município. Apresentavam Anemia Infecciosa Equina (AIE). Além de contagiosa, a doença não tem tratamento. Aúnica alternativa para o controle é a eliminação das espécies contaminadas.

De acordo com a gerente da unidade da Adagri em Quixadá, médica veterinária Ana Gláucia Gonçalves, os animais sacrificados são anestesiados e em seguida recebem injeção letal de cloreto de potássio. “O processo não causa sofrimento, é indolor e humanitário”, garante. Em seguida, é necessário enterrar ou incinerar o bicho. Mesmo morto, qualquer contato de animais da mesma espécie pode transmitir a enfermidade incurável, conhecida como “aids dos cavalos”. A infecção é detectada por meio de exame de sangue.

Para não arcarem com o prejuízo, muitos criadores, principalmente proprietários de cavalos e éguas, estão tentando passar o problema para a frente. Estão vendendo os animais antes da chegada dos técnicos da Adagri. A denúncia é feita pela veterinária. Por isso, ela orienta os interessados em adquirir equídeos a exigirem o resultado dos exames. A emissão da Guia de Trânsito Animal (GTA), necessária para o transporte de um lugar para outro, é feita com a apresentação do resultado.

O agricultor e criador Juarez da Cunha Maia sentiu esse problema na pele. Ele mesmo chamou a equipe da Adagri quando recebeu o resultado do último exame. Em seu rebanho, quatro equídeos foram sacrificados devido à contaminação. Não foram poupados animais com valor comercial superior a R$ 7 mil. Não bastasse as perdas na roça, o pecuarista, que reside na comunidade de Buenos Aires, na zona rural de Quixadá, acumula prejuízo superior a R$ 20 mil. Embora pudesse vender os animais, mais barato, preferiu atender as orientações oficiais.

Doenças Infecciosas dos Equinos e Asininos

Em tempos recentes a A.I.E. (anemia infecciosa eqüina), tem sido apelidada de AIDS eqüina. De fato ela tem alguma semelhança com essa doença, é transmitida por um virus presente no sangue e nas secreções corporais, é doença incurável e geralmente fatal, não existindo, vacina ou tratamento para seu combate. No entanto, entre elas existem diferenças bem marcadas.

Para começar, o virus da AIE é muito menos conhecido do que o da AIDS, ainda não tendo sido identificado o grupo ao qual pertence. A AIE é transmitida pela picada de insetos; o que felizmente, não é o caso da AIDS. Distinguimos quatro formas básicas da AIE: a aguda, a sub-aguda, a crônica e a latente.

Da forma aguda, os animais recém contagiados podem evoluir para a forma super-aguda, levando a morte em dois ou três dias, ou em animais mais resistentes, constituir-se de vários períodos de pico intercalada por melhora aparente. A forma sub-aguda consiste nos animais que sobrevivem à forma aguda e que passam a apresentar crises periódicas da doença, com dias ou semanas de intervalo, e, conseqüentemente acaba comprometendo o sistema cardiovascular e respiratório.

Na maioria dos casos, a morte sobrevem depois de semanas ou meses. A morte crônica nem sempre é de diagnóstico evidente. O animal que a apresenta tem os mesmos sintomas de outras doenças; emagrecimento discreto, fraqueza, pouca resistência para o trabalho. Podendo sobreviver por muitos anos. E a forma latente caracteriza os “portadores assintomáticos”, tendo ou não passado pelos estágios anteriores da doença, mas com poder de contaminação e propagação da doença.

Levando-se em conta esses fatores, fica mais fácil entender a observância das regras do Ministério da Agricultura (sacrificar animais com exame positivo), por mais penoso que possa ser em casos individuais, é preciso que se pense na saúde de um rebanho como um todo.

O vírus da AIE tem distribuição mundial especialmente em regiões úmidas e pantanosas onde

vírus da AIE tem distribuição mundial especialmente em regiões úmidas e pantanosas onde existe uma grande quantidade de vetores. Uma vez que a doença acomete somente membros da família dos equídeos, o animal infectado é o único reservatório da doença. No Brasil, estima-se que no Pantanal a prevalência chega a 40% (SANTOS E CORREIA, 2007).

Segundo Cicco em (2007), os estudos iniciais desta doença foram realizados na França em 1843; em 1859 foi constatado pelo pesquisador Anginiard o caráter contagioso da doença, sendo que a primeira demonstração de doença virótica foi feita em 1904/1907. No Brasil, a primeira descrição desta doença verificou-se em 1968, por Guerreiro e col. Os animais ficam suscetíveis à enfermidade quando têm resistência orgânica diminuída por um trabalho excessivo, calor intenso, alimentação inadequada e infestação por vermes. A doença tende a apresentar-se sob forma enzoótica em fazendas ou áreas, não havendo disseminação fácil e rápida, nunca se observando, segundo Scott, contágio de animal para animal.